Os gostos de uma pessoa são pedaços dela, e, hoje, se desprendem tão fácil quanto pedaços de cutícula. 1,2,3 e arranco mais uma. E mais uma e outra e oh, não preciso mais ir à manicure.
Que sempre odiei uma pessoa estranha cutucando meus pedaços de pele que nascem onde dizem que não é bonito para uma mulher.
Os interesses, nesses dias, são rápidos e não formam mais a personalidade. São vontades insignificantes, histórias que são compartilhadas entre um café e o botão de curtir do Facebook.
As múltiplas possibilidades só tornam a realidade mais vazia, já que ter em mãos uma caixa de lápis de 36 cores não significa que você irá necessariamente fazer um lindo desenho.
Há mais cores e idéias, mas menos realizações.
É o mesmo com a questão do planejamento. Sou capaz de planejar um dia inteiro de diversão e simplesmente não sair do sofá. Planejar meu orçamento pessoal até 2013 não levar nada a sério. Não comprar um carro em julho, não terminar de pagar as prestações de roupas que nem devia ter comprado. Não ir ao cinema sozinha, não mandar emails para amigos, não sair para conhecer pessoas, não falar com quem gostaria, não tomar um sorvete de Flocos na padaria.
Meu corpo mora em um universo de possibilidades mas minha mente vê um “não” carimbado em cada figurinha do álbum.