quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A paz da minha sala


Eu me ocupo na maior parte do dia. Se não estou fazendo algo, estou pensando em fazer e em como fazer. E no resultado do que fiz. E no que vai dar quando eu fizer.

Em todas as épocas eu me ocupei. Com os outros, com os estudos, com o trabalho, com a rotina, com o namorado, com... algo que permitia que eu me ocupasse com.

As horas de não fazer nada raramente são horas do nada puro. É o nada que antecede o algo. Provavelmente sintoma dos tempos em que é preciso correr. Pra qualquer lugar. O tempo todo.

Hoje, olhando pro meu apartamento percebi que não me permito curtir o nada. É quase um pecado. Aproveitar o vazio, a falta de expectativa, de ideias. Aliás, falta de ideias hoje me pareceu um paraíso, até tô quase conquistando minha própria absolvição por não fazer nada desde o final da tarde.

E hoje, quando olhei pra sala, pensei o quanto não dedico tempo nem dinheiro pra tornar esse meu espaço mais prazeroso não pra mais ninguém, mais pra mim.

A primeira ideia que ocorre? Ah, eu seria feliz com uma vitrola. E uns quadros ali e uma estante aqui.

Parece que eu tô sempre vivendo em função de um amanhã que nem é meu. Como se estivesse trabalhando pra conquistar o direito de ter paz de espírito, mas pra isso preciso correr e gritar no meio de uma multidão que grita mais alto.

 A bagunça da minha sala acabou de me dizer: ei, a paz tá bem aqui. Mas precisa de uma decoração melhorzinha.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Olha, um título.

Acho que me perdi nos anos 10. Entre tags, mensagens, tecnologias, obras para a Copa do Mundo, vídeos do Youtube, power yoga, os desenhor da Pixar, o LinkedIn, o delivery por internet, o preço alto da Farinha Láctea, a realidade aumentada, o "feat." dos vídeoclipes, a nova ortografia (ah, a nova ortografia), o show do Elvis com holografia, as mechas californianas, os trending topics, o hang out e o brigadeiro gourmet.

Ou estou num universo à parte, olhando tudo de cima ou de lado ou por entre o buraco do bule onde o Chapeleiro Maluco pega seu chá e oferece para o ratinho.

Sou uma palavra digitada no Google e em 0,0004 segundos me transformo em estatística que será analisada por robôs inteligentes e analistas insensíveis ao cheiro da Dama da Noite em uma rua cheia de carros.

Estou no meio de uma massa de eleitores indecisos e compradores impulsivos que não resistem a um chocolatinho na fila do caixa rápido do mercado.

Sou a moça que passeia com o cachorro e:

- gasta R$ 23 reais na padaria com lasanha congelada, leite, Toddy, sucos Del Valle e uma coxinha (e sai da padaria sem UM pão);

- se controla pra não gastar dinheiro quando não tem, mas cai na besteira de comprar um jardim zen (com pedrinhas, plantinha e dragão) simplesmente porque acha que merece um presente;

- não aceita os pedidos de atualização do computador;

- acha o plástico PVC uma das melhores invenções para a cozinha de todos os tempos;

- está perdida entre tags, mensagens, a nova ortografia e a merda dos concursos públicos com UMA mísera vaga pra jornalistas no Brasil todo.

É, não tem um fim cabível nem bonitinho. Pode ter uma carinha, é uma carinha, isso te anima?

=|

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Tá lá a moça, tentando

Cena de "O diário de Bridget Jones"

Acabo escrevendo sempre em terceira pessoa. Sou um pouco voyeur. Ok, sou bastante. Tenho dificuldade em tornar real, na minha cabeça, o que é escrito em primeira pessoa se sei que não é verdade. Que não aconteceu. Consigo tornar factível só o que é real. Mania de jornalista? Escritora de merda, eu diria.

Começa e vou até três, quatro parágrafos. Tudo soa ridículo e forçado. A tendência a ser autobiográfica me perseguindo. E o que não é sobre a gente mesmo, afinal?

Conheço pouco da vida, diz a voz da crítica interna. E o amor, o que é o amor, se colocado em páginas? E o que precisa ser colocado em frases e palavras e virar textos e livros e filmes?

Gosto das pessoas reais, das histórias reais. Mas tenho problemas com conflitos. Tô lá, vendo um filme. Quando chega a hora do conflito, do desastre, das mortes, dos alienígenas invadindo a Terra e eu quero parar. Encaro um filme como se fosse a verdade. Que pra mim a história é sempre real, senão não tem sentido. E eu sinto a dor dos personagens e não quero sentir. Sinto a angústia, o desespero. Me dói, quero sair e ver flores e bichos que falam em desenho animado.

A fuga de conflitos e a dificuldade de contar uma história em primeira pessoa. Os dilemas que enfrento (de que fujo, vamos falar sério) na hora de escrever são os mesmos que me afligem na vida cotidiana. Óbvio, óbvio.

Tá lá a moça evitando conflito e dizendo o que todos querem ouvir. Apaziguando, botando panos quentes, equilibrando lados da balança, criando climas agradáveis a todo momento. Tá lá a menina buscando o lado positivo da vida, ainda que fale mais do lado negativo. Tá lá a mulher que passa por cima dos problemas com o rolo compressor e não absorve, não assimila, não resolve. Vai passando, jogando flores e tentando ver as belas cores da manhã que aparecem em meio a um campo seco, árido.

Tá lá a moça que quer fazer mil coisas e se perde em interrupções. Da mente, do Facebook, do próximo trabalho, da televisão, da distração que é viver o tempo todo dez minutos à frente ou oito meses para trás.

Tá lá ela. Sentada, de moletom preto e meias brancas, corcunda e com marcas de postura errada na barriga, se descrevendo ridiculamente em terceira pessoa. Foi ali fazer chocolate quente e disse que já voltava. Mas se distraiu com a novela.




segunda-feira, 10 de junho de 2013

Me dá...

...um pouco de motivação. Um rastro de iluminação. Um pedaço de vontade.

Amém.

domingo, 26 de maio de 2013

Poesia, lirismo e sentimento



Perder o sentimento é assim: de se fazer todo dia as coisas da vida, ele vai embora. Mas não é um sujeito ativo, é passivo: a gente é que deixa ele ir embora. Porque tem preguiça de cultiva, cavar, regar.

Eu perco o meu sentimento - e nem é por pessoas - assim, por displiscência. Aquela coisa da vida ser bonita. Não basta ser bonita, tem de emocionar.

Sou bastante ligada a espiritualidade e músicas de meditação sempre mexeram comigo de maneira positiva. Dia desses coloquei uma delas e... não senti absolutamente nada. Foi como se existisse só um vazio, um vazio que não se incomodou com nenhuma nota, que não sentiu calor ou frio, que não se deu ao trabalho de olhar pra fora pra ver se havia um mundo girando. Foi bem estranho. E passou.

Eu fico bem contente quando algo consegue me trazer de novo um sentimento genuíno, forte, dos que comovem e fazem perceber que é importante sim ser tocada lá na alma. Tem pessoas que conseguem fazer isso e sou grata por encontrá-las pela vida afora. Mas também tem músicas e livros e cenários e comidas e filmes que me dizem: ei, sente, é vida!

(E um filme acabou de fazer isso comigo. O nome é Léo e Bia, foi dirigido pelo Oswaldo Montenengro e conta a história de um grupo de amigos que fazia teatro nos anos 70, em Brasília. Um roteiro como outro qualquer, mas com poesia, música, sentimento.)

Mas é preciso estar aberto a isso: buscar o que se quer sentir. Eu acabo deixando de lado, precoupada com o hoje, o ontem e o amanhã, brigando com pensamentos desalinhados e tentando fazer das vozes interiores um coro harmonioso (quando não passam de um grupo revoltado em pleno protesto na Avenida Paulista).

É esse sentimento - que volta e meia perco - que me conduz a lutar pelo que desejo, a ver lá dentro o que é real e o que é projeção, o que é importante e o que não passa de uma unha lascada. E preciso disso todos os dias porque no intervalo de tempo em que não tenho isso o tempo nem passa direito, fica só se enrolando, em círculos, com dois palitinhos malucos dando voltas num prato vazio.


domingo, 12 de maio de 2013

Trajetória parabólica


Esse é meu maior medo. Muita gente tem medo da morte. Tá, também tenho, como é quem vai saber? Tem os do medo do escuro. Que eu só tenho bem às vezes. E tem o medo da Lady Gaga. Ah, quem não tem? Não? Eu tenho.

Mas não era isso. Era: medo de ficar parada.

Você sabe, ficar no mesmo lugar, sem evoluir, sem mudar, sem ter um novo cenário e novas aspirações.

Sim, você sabe, é um medo imaturo. Eu nunca disse que era madura. Apesar de me dizerem o tempo todo, desde que era criança: nossa, como ela é adulta. Digo: isso não é bom. Inverter o jogo não é bom: ser adulto na infância e bocó na vida adulta. Tem de ser bocó na infância e tá tudo certo.

Mas não era isso, era?

Ah, então. O lance de ficar parada. Eu tenho medo. Então mudo. Ok, as mudanças podem ser superficiais, mas acontecem. Você sabe. De cidade. De emprego. De namorado. A disposição dos móveis. A hora de acordar.

É que eu gosto de começos. É que tenho medo de finais. É que sou movida a emoção. Eu enfrento de cabeça erguida um novo lugar, novas pessoas, novidades, novas variáveis. Não enfrento bem o já estabelecido. Não enfrento bem o fato de saber o que vai acontecer na semana que vem.

Uns tempos atrás eu me obriguei a analisar essa mania de mudar. Sem ir muito fundo, dá pra dizer que o que é real me assusta. O começo é mais um campo imeeeenso de probabilidades. Gasto toda minha energia e obsessão até certo ponto. O alto de determinada parábola em que a bola alcança seu ponto máximo em X. E depois começa a cair. E ganhar mais força. Até... Eu conseguir lançar a bola de novo. Dessa vez tem de ser mais alto. Mas nem sempre é.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Direto do Túnel do Tempo

Era 2006 quando digitei isso aí ó. Fazia tanto sentido...
 
Se virar o vento...

Naquele domingo chovia e o dia estava estranho. A sombrinha era velha e a menina, nova. Os carros passavam devagar. Um carro insistia em passar ao lado. O moço do carro olhava e ela teve medo. Ele passou de novo. E de novo. Ela desviou o caminho. Se o carro passasse de novo ela iria até a porta e diria: não gaste tempo ou gasolina comigo.A chuva parou. O carro não passou mais. A sombrinha se tornou um incômodo.

Ela estava lá, na hora marcada. As pessoas caminhavam, conversavam. Ela estava apenas parada. Sentada, esperava. Ela estava lá. Na hora marcada. Chegou. Conversaram. Tinham vinte minutos. Ela começou a fazer contagem regressiva. Faltando quinze minutos viu que o tempo era curto. Faltando dez achou que era tempo demais. O ônibus chegou. Ele deu um abraço, dizendo "não posso fazer o que eu quero, não pode ser como eu quero", e entrou no ônibus. Viajou, foi embora. E agora era ela quem precisava voltar pra casa.

Achou melhor pegar um ônibus. E como não chovia, pensou que seria bom descer alguns pontos antes de  casa pra caminhar. Quando desceu, começou a chuva. Tudo bem, pensou ela, tenho uma sombrinha. A sombrinha não pensou nada, apenas virou com o vento. Se arrependeu em seguida e voltou ao normal. Não que adiantasse alguma coisa. A chuva era forte. Faltavam ainda seis quadras.

Os carros passavam devagar. Ela se escondia da chuva. E das pessoas. Um casal se abraçava embaixo de uma marquise. Faltavam ainda três quadras, a roupa estava pesada. Um senhor na rua corria em um ritmo certo demais. Ele não fugia da chuva, estava fazendo exercícios.Ela andava devagar, era cedo ainda. Pisava nas poças de água e deixava a sombrinha virar. Não tinha pressa, era cedo. E ela não tinha hora marcada.

domingo, 5 de maio de 2013

Faz tantos anos, garota...

Fomos amigos um dia.
As coisas eram legais.
Tive saudade.


Tudo ficou pequeno e distante: um amigo, um dia.
Faz quanto tempo e... por que mesmo não somos mais os mesmos?


A saudade aparece às vezes e me fala
que as coisas têm de ser ditas às pessoas - e não escritas em computadores.
Eu finjo que não ouvi e faço: tsc.
E boto uma música velha pra tocar.



.



Platonismo: a vida, o livro e o capítulo




Enxergar as consequências do platonismo na vida daquela moça é a coisa mais fácil do mundo. Ela passa os seus dias entre as possibilidades do universo paralelo, onde as milhares de coisas que não faz são realizadas das mais divertidas maneiras. As coisas que jamais aconteceram, essas eram as melhores. O beijo que nunca deu, a viagem que nunca fez, as amizades que não criou nos bares que não frequentou. O garoto com quem não ficou, o sexo que não aconteceu, o emprego que não conquistou, a faculdade que não fez, a rua por onde nunca andou e a árvore onde nunca escreveu seu nome. Das coisas não realizadas ela fez seu platônico mundo perfeito. E nele vive cada dia enquanto trabalha, caminha e respira no mundo real, onde nada é tão importante assim.

Mas se é pra contar a verdade, então é bom dizer que o platonismo só passou a ser a forma de viver dessa moça por causa de um garoto. O primeiro por quem foi apaixonada e que a fez negar pra si mesma qualquer chance de ser notada.

Eram os anos 90 e ele usava sempre uma camiseta regata laranja listrada, tinha olhos verdes e andava pelo pátio da escola do primário. O sol fazia sombras engraçadas no meio do jardim com arbustos e as crianças suavam, correndo sem rumo, até o fim do recreio. Às vezes brincavam de pegar, em círculos, enquanto ela comia bolachas wafer com iogurte.

Em uma manhã qualquer, ela estava no pátio, sentada, fazendo o que mais gostava: olhar as crianças e seus jeitos diferentes enquanto o sol esquentava seu corpo de dez anos de idade. Olhava para o garoto que pulava e brincava com amigos sem enxergar a gravidade da vida e, meu Deus, talvez nunca viesse a enxergar. E no pequeno intervalo de tempo entre ele tirar a mão do bolso da calça e olhar para o relógio digital, mexendo nos cabelos loiros que caíam sobre os olhos, ela se assustou com a descoberta que veio sozinha e a fez ter uma certeza absurda que não podia nem explicar, mas que deixava muito claro: ele nunca vai me dar bola. Nunca, nunca, nunca.

Nunca.

Como brincar de qualquer coisa depois dessa certeza tão funda, doída, e, para ela, totalmente real? Como pensar em tabuada e pronomes pessoais depois de um momento de lucidez que não combinava com a idade de uma garota que se arrumava todos os dias para que ele, só ele, olhasse pra ela daquele jeito de quem quer dizer algo e nunca diz? Como comer o sanduíche de queijo que a mãe iria lhe preparar assim que chegasse em casa? Como assistir o telejornal com o pai e depois ler gibis? Como viver depois?

Era só uma terça-feira da infância e a promessa de uma vida inteiramente platônica acabara de acontecer pra ela. Aos dez anos ela já não se via capaz de conquistar as coisas mais simples como um olhar de cinco segundos do garoto da quarta série. Obviamente que décadas de frustrações a esperavam, pacientemente, ainda que não soubesse que naquele momento em que acabara de definir seu papel no próprio futuro: a garota dos amores que não aconteceriam. Ou a garota que só não teria o que mais desejasse na vida.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O cachecol e a autosabotagem

  
Floco, posando pra foto com cara de "me deixe dormir!"


Eu terminei meu primeiro cachecol. É esse aí de cima, enrolado no meu cachorro que, quase às duas da manhã, teve de trabalhar como modelo. E o que há de importante nisso? É que minha vida acaba de mudar pra melhor: encerrei o ciclo da autosabotagem. 

Como? Você não consegue enxergar relação entre o cachecol e a autosabotagem? Bobinho, eu explico. 

Desde sempre eu tive dificuldade de fazer coisas pra mim. Meu foco sempre foi o outro. Realizar tarefas sempre esteve ligado a fazer algo por qualquer outra pessoa, seja em relacionamentos, trabalhos, família, amigos. Eu tenho uma facilidade incrível de resolver os problemas e desafios que estão fora de mim. Se você me disser que está com dificuldade em qualquer área prática da sua vida (e me pedir ajuda), eu vou fazer o diabo pra resolver sua situação. Eu bolo planos, falo com Deus e o mundo e... resolvo. Pode não ser hoje, mas resolvo. E não descanso até terminar.

Mas... pra fazer tudo isso, eu tiro totalmente o foco de mim.

E alguns fatos recentes me fizeram enxergar a gravidade disso na minha vida. Uma delas é ter encontrado uma família que precisava de ajuda, sem casa, sem chão, sem perspectiva na cidade. Eu não pensei duas vezes e criei estratégias pra ajudar, e, graças ao apoio de muita gente, deu tudo certo. Eles conseguiram casa, dinheiro pro aluguel, móveis, comida, tudo o que era necessário pra recomeçar a vida. Isso levou só uma semana e meia, o que me espantou bastante. Eu fiquei totalmente imersa nessa questão até conseguir resolvê-la (e foi lindo).

Na semana seguinte, fui pra cidade da minha família pra ajudar minha irmã com seus preparativos finais antes do nascimento da primeira sobrinha (viva a Manuela!!). E lá fiquei, bem feliz, resolvendo coisas aqui e ali (e foi lindo, também). 

Pois bem. Voltei pra minha cidade na sexta-feira de noite, porque no domingo tinha um concurso público pra fazer. Durante o sábado todo fiz coisas aleatórias: de aula de inglês à visita a uma feira de empreendedorismo. Às onze horas da noite de sábado me lembrei de um detalhe: eu devia ter imprimido o comprovante de inscrição para aprensentar na prova, que era às oito da manhã do dia seguinte. Céus. Onde, agora? E mais: precisava de xerox da identidade e uma foto 3x4 (que eu devia ter em casa, mas não sabia onde). 

Quer dizer: criatura, você lembra de fazer TUDO o que se propõe por qualquer pessoa, durante semanas. Menos por... você mesma? E diante de um problema que era só meu eu simplesmente travei. Não sabia absolutamente o que fazer. Não conseguia bolar um plano, só me culpar por tamanha besteira. 

O que me intrigou é que eu tinha essas informações na cabeça, havia lido o edital e sabia o que precisava imprimir e apresentar. Mas isso não me apareceu na memória a tempo de eu poder realizar. (Na psicanálise isso é chamado de ato falho e, em geral, revela algo que eu não estou querendo admitir ou enxergar.) 

Era meia noite e eu só sabia me lamentar por tudo, depois de tentar pequenas coisas que não deram certo. Pra minha alegria (e pra mostrar que, sim, é possível superar os meus problemas), meu namorado apontou algumas saídas e, num ato heróico, salvou a minha participação no concurso. Eu já havia decretado o fim: não dá, não dá, pronto, não faço essa merda. E provavelmente não faria se ele não tivesse me acalmado e mostrado uma luz no fim do túnel e tivesse tomado a frente da situação. Deu certo: fui lá e fiz a prova. Claro que não fui super bem, afinal, mal tinha estudado. E por que, mesmo? Ah, porque eu tinha dedicado todas as minhas horas das últimas semanas a fazer outras coisas que não cuidar de mim mesma.

Esse foi o episódio 1. O segundo aconteceu essa semana.

Entrevista de emprego. Graças a uma amiga, consegui uma entrevista de emprego num lugar muito, muito bacana. Pra evitar problemas como o anterior, me preparei pra entrevista. Pesquisei sobre a empresa, li, reli, anotei. Calculei quanto tempo precisaria pra chegar até lá, de ônibus, acordei na hora certa, me arrumei e... saí atrasada. Quando cheguei no ponto de ônibus, dois deles acabavam de seguir rumo a outos pontos onde as pessoas chegam no horário certo porque não se autossabotam. Faltavam vinte minutos pra entrevista e eu ali, esperando. Ah, sem dinheiro pra táxi, dinheiro que gastei com coisas aleatórias e provavelmente bem menos importantes do que isso. 

Dez minutos pra entrevista. O ônibus chega, mas, claro, vou me atrasar. Entrei no lugar com quinze minutos de atraso e, claro, me culpando e esperando qualquer tipo de punição, algo como "então, Gislaine, você costuma fazer pouco caso de seus compromissos, hein?". 

Respirei e esperei a moça que iria me entrevistar. O ambiente era ótimo, a oportunidade ótima, as moças da entrevista, super receptivas. E o que eu faço? Falo mal de mim mesma. Nas perguntas sobre minhas características, desando a falar sobre como minha curva de aprendizagem é rápida e como preciso me manter motivada pra continuar a realizar tarefas.

POR QUÊ, CRIATURA?

Ainda não sabia, direito. E falei, falei, e, vendo a cara das moças torcendo pra que eu parasse de falar mal de mim, tentei ir pra outro lado, mas no fim a minha sensação foi de que eu estava dizendo: ei, sou ótima, mas não mereço esse trabalho.

E vim pra casa me perguntando: que que há, garota? Não era, claro, a primeira vez que eu fazia isso. Em situações onde preciso me auto afirmar, escorrego na casca de banana das histórias em quadrinhos e me torno uma piada triste. 

Então comecei a pensar sobre todas as vezes em que me boicotei, seja saindo de um emprego por acreditar que não daria conta (descobririam que nem sou tanta coisa assim?) ou nas situações em que dei o melhor de mim pra realizar coisas por outras pessoas. E fui perguntar pro Google. Vamos lá: autoboicote, auto-estima, perda de foco: por quê eu faço isso, internet?? Caí num universo de páginas que descreviam com detalhes o tipo de comportamento que adotei praticamente a vida toda: não realizar nada por mim por medo de não conseguir o resultado esperado. Parar no meio do caminho pra poupar esforço, com a desculpa de que, se tivesse ido até o fim, teria sido um sucesso. Problema grave de auto estima, provavelmente baseado em crenças limitantes que vêm da família e da infância, distorção de imagem própria, entre outras coisas que fizeram todo o sentido. 

Tá, tá, eu sei que a internet não resolve os problemas psicológicos do mundo, mas eu tive o insight de que precisava. Jamais tinha me dedicado à mim mesma com o mesmo afinco que tenho por outras pessoas ou situações alheias. Quando ajo, em geral é pra atender, responder, ajudar, entregar, etc.. Daí que quando chego num ponto ou projeto que tem a ver com o meu crescimento, sem co-participações, eu travo e perco a vontade. É como se eu só existisse pelo outro, como se a minha imagem no espelho não tivesse forma, a não ser pelo reflexo da minha relação com o outro. E, por esse motivo, eu mal conheço minhas próprias vontades e intenções.

E... BAM! Não poderia ser o som de um sino, claro, uma percepção tão forte assim. Foi mais uma pancada, uma tora de madeira caindo no meio do meu apartamento de 50 metros.  

Depois disso, comecei a pesquisar métodos, técnicas e dicas pra focar nas minhas necessidades, intenções, planos. Achei um bilhão de conselhos muito valiosos que até divido com quem tiver interesse no assunto. 

E, boas novas! Desde então, consegui, finalmente, me dedicar a estudar (pra um novo concurso), tenho me concentrado, não tenho problemas em sair da cama pra fazer isso. Tenho conseguido organizar minha casa (uau!) sem ficar enrolando até não poder mais. E quando leio textos que apontam as dificuldades de se fazer isso ou aquilo que eu quero fazer (por exemplo, quais as dificuldades de se estudar em casa), enxergo como algo normal, ou mesmo um desafio, e não mais como uma predestinação ao meu fracasso, como antes.

E aí, depois disso tudo, hoje de noite sentei para descansar. Liguei a tv e peguei o cachecol que, há um ano, começo e paro. Sim, um ano!! Enquanto assistia, fui fazendo e fazendo e não quis mais parar, até chegar ao fim. E foi uma das melhores sensações que já tive: concluir algo por mim, porque eu queria, porque eu tinha o objetivo de chegar até o final. E cheguei. 

Por isso o cachecol é o símbolo do fim da minha autosabotagem. E por isso eu não duvido mais de mim mesma. Ao contrário, tenho acreditado muito que todas as ações que eu quiser (realmente quiser) vou conseguir realizar até o fim. 

E essa é a minha história.

Meu nome é Gislaine, obrigada por me ouvirem. 

=))

P.S.: Não faço ideia se os termos autosabotagem, auto-estima e auto boicote estão escritos corretamente. Mas isso, nesse momento, não muda minha vida.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Os outros


Depois dos últimos anos imersa na realidade de paixões platônicas e pseudoamores, percebeu algo que tinha chance de mudar a rota da sua vida: tratava-se apenas de transferência. A sua alegria de viver era representada pelo outro, só existia com o outro e por ele, estava na paixão que sentia, na vontade de estar junto, nas músicas e livros dos quais aprendera a gostar, que a lembravam de momentos.

Descobrira: esses momentos (e qualquer outro) enquanto aconteciam, não pareciam ter importância alguma. Só se tornavam importantes - vitais! - ao passarem de presente para passado.Não ter como voltar tornava esses instantes, que poderiam ter sido banais, no mais importante: já não os tinha. O desejo pelo que não se pode alcançar.

Soubera: por não viver o agora na hora em que ele acontecia, acabava com grandes perdas (algumas irreparáveis) lá no futuro. Sentia-se órfã da própria vida, como se houvessem subtraído dela seus melhores dias. Alguém deve ter culpa, oras. Mas... quem?

Tratava de passar logo com seu tratorzinho por cima do hoje, em especial quando o hoje machucava demais. Sem dor, sem dor, não olhe e siga adiante. Mas esse “adiante” até onde fora, percebeu, era longe demais. E tudo o que ficou lá atrás, a dez quadras, a cem quilômetros, dez anos, talvez pudesse realmente ser importante. Talvez não, é verdade - talvez não. Bem possível que não: suas impressões estavam sempre contagiadas por emoções incertas.

E mais (sempre tinha mais): como sua alegria de viver era representada pelos outros, não havia se dedicado nunca a descobrir o que de fato a fazia feliz. O que era ela, afinal, sem essas pessoas? Quais eram suas referências? Do que gostava e o que odiava por si mesma?

Naquele ano, foi atrás de duas pessoas do passado e as duas lhe disseram sonoros “não!”. Não, você não pertence mais ao meu presente. Não, não quero mais conversar com você. Não, já tenho o que preciso na minha vida. Não, você não é insubstituível, baby. E o último, tão sonoro, causou um silêncio grande dentro dela. Mas ecoou durante vários dias antes de deixar tudo quieto.

E depois do silêncio, entendeu: então é isso mesmo... Enquanto cultivava suas estatuazinhas de metal no jardim, cada uma representando uma pessoa que para ela havia sido importante, os outros iam em frente sem estatuazinha nem jardim, sem lembrança ou gratidão. A maioria, até, com raiva. É verdade que – percebeu – talvez tenham sofrido, mas depois exorcizaram suas desgraças e... seguiram em frente. Analisou que cada um tinha um jeito de lidar com sua dor. (Mas achava tão bonito o seu próprio, pois conseguia manter uma tela pintada com o que havia de melhor nas pessoas e nos dias que com elas vivera. E a tela poderia ser pendurada na parede de casa, como uma sequência de cores que dão o tom de uma vida em que se conhece pessoas a fundo.)

Para conseguir seguir em frente, ela guardava somente o que havia de bom em tudo e todos. Esquecia o resto. Os outros, ao que parece, faziam o contrário: guardando lembranças ruins pra, quando necessário, dizer, quem sabe a si mesmos: ela é uma pessoa ruim, só ruim, só ruim.

Ela não era. Soube, depois. Que bom. 

Faltava, agora, descolar as referências alheias da alma, se despir toda pra ver no espelho o corpo, a sombra e o rosto que eram dela, tão dela. E de mais ninguém.

 (Texto de 2011)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

As definições


 Não as tenho. Admiro quem sabe o que quer, onde quer chegar, o que esperar do futuro, o que fazer amanhã cedo. Eu não sei. Mesmo quando tinha uma programação diária: acordar, pegar ônibus, trabalhar, almoçar, trabalhar, ir para casa, descansar. Isso sempre me pareceu meio automático demais. Fazia por que... é o que se faz por aí, certo?

A verdade é que sempre senti que a vida tem um propósito bem maior do que isso: casa, trabalho, contas, logística comercial e humana. Eu não tenho essas definições claras em minha mente. Mais que isso: não são parte do meu coração. Não sei exatamente o que quero fazer.

Quando pequena, sempre que me perguntavam o que queria ser, respondia: jornalista. Não sei bem de onde veio a certeza, mas a alimentei desde então, dei a ela conhecimentos e condições de crescer e se tornar uma profissão para mim. Mas "jornalista" é apenas uma função, um trabalho. Há tanto mais a se fazer e se desejar ser.

Mas eu fico parada em um cruzamento cheio de interseções: o que deveria querer, o que acho que sou, o que sinto, o que poderia ser...

O que sinto? Que a vida é sensacional demais pra eu ficar em um escritório lidando com papéis e burocracias. Que há pessoas e sensações únicas que merecem mais dedicação. Que o espírito é maior do que qualquer vocação profissional. Que estou parada como um carro que tem combustível e não sabe para onder ir.

Eu sei o que me comove. Mas ainda me falta o gatilho que me ajude a correr, como uma bala, para o que quero. E então?

Você, você sabe o que quer? Bem, talvez não precisemos de definições. Só não quero passar a vida me enganando e trabalhando para favorecer interesses que não estão de acordo com o que sinto. O potencial, é possível que o desperdicemos por uma vida toda. Devíamos aprender, já na escola, como seguir o coração, como transformar em ação o sentimento. Eu confesso: não sei. 

Enquanto isso, faço uma coisa aqui e outra ali. Um pouco sem foco, um pouco sem objetivo. Um pouco de tudo. 

Ah, essa música me comove.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Minha honey baby


Sim, eu estou tão cansada. Mas não é disso que vou falar. Ou é? Poderia. Mas não, não é. Não é? É, não é.

Hum.

Identidade. Não a de papel, não a de plástico, com seu nome e assinatura. A que você carrega aí dentro e te ajuda a definir quem é. E quem não é. Sabia que às vezes você acaba perdendo isso aí?

Sim, você perde. E pode ser por tantos e tão inexplicáveis motivos...

Você perde quando deixa de fazer o que gosta. De ouvir suas músicas, ver seus filmes, ir aos seus lugares preferidos. E, opa, do que eu gostava, mesmo? E também pode deixar de fazer o que gosta por muitos e muitos motivos. Dedicação excessiva ao trabalho ou a qualquer outra coisa. Cansaço. Novos amigos. Problemas na vida. Casamentos. Comparações. Desilusões. É, tem uma pá de coisas que podem te fazer abandonar o que já foi – e o que gostava de ser.

E olhe, ninguém te pede, te manda: ei, deixe de ser quem é. Passe aqui pra esse lado, veja essas outras coisas, outros jeitos, outras visões, que tão mais legais que são. Não. É natural. Quando vê, já está lá do outro lado, em outro continente. E tem tantas milhas em um oceano tão grande que você tem de percorrer pra voltar. Voltar a ser quem era, quem sempre gostou de ser.

Lá do outro lado tem um corpo que espera a alma, a alma que está andando pra todo lado e, distraída, assobiava esfregando os pés na areia branca. E aí a alma se dá conta que só assobiar e andar pela areia, bem, não é a praia dela. A praia dela é mais consistente. A areia talvez não seja tão branca, mas é mais firme. O céu, nem tão azul, mas o tempo é mais estável. E tem um lindo pôr-do-sol ao som de Gal Costa.

Perder a identidade pode acontecer com qualquer um. Uma comparação com outra pessoa e pronto. Quem é você, garota? Quem você era, mesmo?

A identidade está tão dentro de pequenas coisas... Abrir mão de hábitos ou atitudes, ninguém te pede isso. Você faz porque quer. Porque não conseguiu evitar. Porque mudou o desenho do quebra-cabeça, mudou as cores, e de repente não lembrou mais como era o outro cenário. Era montanha? Ou era um parque? Também, cinco mil peças...

Uau.





quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"2013, seu ano de merda" ou "Em última análise, é preciso escrever para não adoecer"




Em última análise, é preciso escrever para não adoecer.

2013 tem se mostrado um ano de merda. E eu começo um texto com um número mesmo sabendo que é errado. Talvez porque 2012 foi um período incrível pra mim, talvez porque eu sempre tenha sido supersticiosa, talvez porque eu tenha me iludido tremendamente nos últimos doze meses, 2013 se transformou em um prenúncio de coisas ruins.

Os acontecimentos, pequenos ou grandes, estão sendo ruins. As idéias, os encontros, as expectativas, os dias. E a falta de vontade, os problemas de saúde, as mancadas, o stress, a negatividade. Tudo bem excessivo.

E tudo isso é só janeiro. Então eu fico me esforçando pra me convencer de que é só uma impressão. Que é uma espécie de TPM fora de época, de inferno astral pós final de mundo que não houve.

Mas não me convenço.

Sabe aquela alegria e positividade e empolgação e ânimo pra viver o que a vida apresentar, de dar a cara a tapa, enfrentar, mudar, ir em frente? Eu tinha. Você que lê - e os que não lêem também, todos certamente concordam. Não tenho mais.

Eu tenho: medo, vulnerabilidade, medo, stress, insegurança, irritabilidade, vontade de gritar e sair correndo em uma estrada que não tem fim, em um tempo que não passa, medo.

O lance da mudança, por exemplo. Sempre fui a favor. Eu mudo. De roupa de cama, ideia, vontade, cidade, emprego, namorado, endereço, cidade, passatempo. Eu era assim. Agora tenho medo. Não sei se consigo mais lidar com tantas mudanças, essas que eu mesma crio, essas que imponho a mim mesma. De repente eu penso: ah é? Eu não preciso disso. Posso mudar. E, depois: ui, será mesmo que posso? Será que consigo? Será que ainda consigo?

E fico cansada. A canseira de uma vida toda, sabe? E eu não tenho nem trinta anos.

Na primeira semana do ano fiquei com a nítida impressão de que 2012 foi um ano ótimo porque foi cheio de ilusões, fantasias, coisas que eu tanto precisava há muito tempo. Que talvez seja um ano que nunca mais se repita. E que em 2013 as coisas reais estão batendo à minha porta: ei, não era bem assim. Ei, olhe bem, olhe direito, enxergue o que você não queria enxergar. Está tudo aí, você é que deixou na prateleira menos visível.

E o fato de ser um livro aberto também não ajuda muito. Fica evidente quando estou bem, mal, irritada, decepcionada, com vontade de mandar tomar no cú. E quando estou apaixonada, feliz, nas nuvens. É tudo muito transparente e eu não consigo evitar. Perco pontos em relação a quem consegue se manter neutro, frio, no mesmo lugar. Perco pontos com essa disponibilidade de contar o que sinto, o que me acontece. Sente-se ao meu lado na praça e converse comigo dez minutos. Eu te conto o que aconteceu desde que acordei, como foi levar o Floco pra passear e o que vi na esquina. Vire meu amigo no trabalho. Eu conto o que me aflige. Se me convencer que é amigo, conto até quanto ganho. Mostre preocupação comigo e te falo da última vez que fui parar num hospital.

Eu falo. Como meu avô, que na fila do banco dizia que ia tirar o salário do filho dependente, que morava no bairro tal, que tinha a esposa doente, que era evangélico. Meu avô falava e confiava em todos, e tanto, a ponto de ser passado pra trás muitas vezes. Por desconhecidos, por gente mal intencionada e, claro, por parentes.

Na última entrevista de emprego que fiz, na hora de colocar três defeitos meus, céus, que dificuldade. Depois de alguns minutos pensando, o terceiro ficou bem óbvio: ingenuidade.

Mas a gente só acredita mesmo é no que quer acreditar.

E aí, bem, eu acabei parando de escrever. E acho que escrever é fundamental, essencial, vital. Sempre me fez um bem e acaba fazendo bem pra quem me lê, já que me gosta, senão não leria. E eu parei. É sempre um sinal de que algo está desequilibrado.

Minha irmã mais velha diz sempre que quando meu guarda-roupa está arrumado, estou apaixonada. Eu diria que quando paro de escrever, tem algo errado. Tem algo errado, algo errado, algo errado.

Bem, em épocas de redes sociais, as coisas ficam presas ali, a gente achando que ta falando pro mundo e tá mesmo falando pra três ou quatro que vão ler agora e esquecer dali a dois minutos. É uma competição desenfreada com fotos e frases e animais bonitinhos e indiretas pros amigos que, olha, não agüento. E não agüento com trema, mesmo. 

E tudo vai embora na linha do tempo. Está lá, mas lá em algum lugar que ninguém sabe.

O blog acaba sendo um ponto fixo, um lugar onde estou. Onde sou, seja lá como esteja, sempre sou. Eu estou aqui. Eu sou isso que está aqui. Aliás, você deveria tentar, também.

Mas é isso. Em última análise, escrevo para não adoecer. A frase original é do Freud: é preciso amar para não adoecer. Amar, amar, amar, bem, todos nascem prontos pra isso. Não quero amar para não adoecer. Quero escrever. Hoje, amanhã, depois.

Eu me expresso bem, porra. É só parar na frente de um espaço em branco. É isso.