quinta-feira, 9 de maio de 2013

Direto do Túnel do Tempo

Era 2006 quando digitei isso aí ó. Fazia tanto sentido...
 
Se virar o vento...

Naquele domingo chovia e o dia estava estranho. A sombrinha era velha e a menina, nova. Os carros passavam devagar. Um carro insistia em passar ao lado. O moço do carro olhava e ela teve medo. Ele passou de novo. E de novo. Ela desviou o caminho. Se o carro passasse de novo ela iria até a porta e diria: não gaste tempo ou gasolina comigo.A chuva parou. O carro não passou mais. A sombrinha se tornou um incômodo.

Ela estava lá, na hora marcada. As pessoas caminhavam, conversavam. Ela estava apenas parada. Sentada, esperava. Ela estava lá. Na hora marcada. Chegou. Conversaram. Tinham vinte minutos. Ela começou a fazer contagem regressiva. Faltando quinze minutos viu que o tempo era curto. Faltando dez achou que era tempo demais. O ônibus chegou. Ele deu um abraço, dizendo "não posso fazer o que eu quero, não pode ser como eu quero", e entrou no ônibus. Viajou, foi embora. E agora era ela quem precisava voltar pra casa.

Achou melhor pegar um ônibus. E como não chovia, pensou que seria bom descer alguns pontos antes de  casa pra caminhar. Quando desceu, começou a chuva. Tudo bem, pensou ela, tenho uma sombrinha. A sombrinha não pensou nada, apenas virou com o vento. Se arrependeu em seguida e voltou ao normal. Não que adiantasse alguma coisa. A chuva era forte. Faltavam ainda seis quadras.

Os carros passavam devagar. Ela se escondia da chuva. E das pessoas. Um casal se abraçava embaixo de uma marquise. Faltavam ainda três quadras, a roupa estava pesada. Um senhor na rua corria em um ritmo certo demais. Ele não fugia da chuva, estava fazendo exercícios.Ela andava devagar, era cedo ainda. Pisava nas poças de água e deixava a sombrinha virar. Não tinha pressa, era cedo. E ela não tinha hora marcada.

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