Gosto de metáforas e comparações: a vida é como música. Cada pessoa tem a sua, algumas têm um refrão que se repete e se repete. Lembra de como as músicas não tinham final nos anos 80? Elas terminavam com o volume abaixando enquanto a banda repetia o refrão ou os versos finais, e repetiam, até baixar tudo. Agora as músicas têm ponto final.
Se a minha vida fosse uma música, e é, acredito muitas vezes, teria um refrão repetitivo mais ou menos desse jeito:
Tenho que ir; tem que fazer
Vou terminar, devia de ter
Preciso, preciso, vou ter de fazer
Preciso, preciso, vou ter de fazer
Mesmo com o planeta girando, com novos valores, ídolos, noções de tempo e um universo diferente que nasce todos os dias pelas ruas e na vida das pessoas, continuo parada nesse refrão. É verdade que os versos mudam em alguns períodos, com ritmo mais ou menos acelerado, um baixo no fundo pra deixar a melodia mais sofisticada, uma guitarra solo nos momentos mais nervosos. E aí volta o refrão.
Preciso, tenho, devia. Três palavras que gravitam em torno de mim todos os dias.
Vou comprar um mata-moscas.
"Como seria melhor se não houvesse refrão nenhum", diz Ludov em "Princesa".