quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A paz da minha sala


Eu me ocupo na maior parte do dia. Se não estou fazendo algo, estou pensando em fazer e em como fazer. E no resultado do que fiz. E no que vai dar quando eu fizer.

Em todas as épocas eu me ocupei. Com os outros, com os estudos, com o trabalho, com a rotina, com o namorado, com... algo que permitia que eu me ocupasse com.

As horas de não fazer nada raramente são horas do nada puro. É o nada que antecede o algo. Provavelmente sintoma dos tempos em que é preciso correr. Pra qualquer lugar. O tempo todo.

Hoje, olhando pro meu apartamento percebi que não me permito curtir o nada. É quase um pecado. Aproveitar o vazio, a falta de expectativa, de ideias. Aliás, falta de ideias hoje me pareceu um paraíso, até tô quase conquistando minha própria absolvição por não fazer nada desde o final da tarde.

E hoje, quando olhei pra sala, pensei o quanto não dedico tempo nem dinheiro pra tornar esse meu espaço mais prazeroso não pra mais ninguém, mais pra mim.

A primeira ideia que ocorre? Ah, eu seria feliz com uma vitrola. E uns quadros ali e uma estante aqui.

Parece que eu tô sempre vivendo em função de um amanhã que nem é meu. Como se estivesse trabalhando pra conquistar o direito de ter paz de espírito, mas pra isso preciso correr e gritar no meio de uma multidão que grita mais alto.

 A bagunça da minha sala acabou de me dizer: ei, a paz tá bem aqui. Mas precisa de uma decoração melhorzinha.