quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mapa mundi

Essa música do Thiago Petit me faz sentir uma grande nostalgia. E eu descobri que não é saudade, é nostalgia mesmo. Sabe do que se trata? De uma saudade ilusória, uma falta de algo que já deixou de existir ou que jamais existiu, mas na memória está idealizado. E descobri que a maioria das minhas "saudades" são exatamente isso. Ilusórias: como se tudo o que aconteceu de ontem pra antes fosse muito melhor do que o que há agora e vai haver amanhã. Eu sentia uma saudade que doía de pessoas, épocas e acontecimentos. E eles eram totalmente idealizados na minha cabeça, quando na verdade não foram perfeitos e muitos nem tão legais assim. Os sonhos, você sabia?, são feitos do mesmo material que a memória, por isso acontece de os dois se confundirem muitas vezes.
As minhas memórias afetivas são cheias de vontade de voltar atrás, mas esse "atrás" nunca existiu da forma como hoje eu me lembro.

Foi só descobrindo o que é nostalgia que consegui me libertar de várias correntes, muitos fantasmas e algumas questões que martelavam na minha cabeça. Aquelas que te fazem perder a vida pensando "e se eu tivesse feito assim, e não desse outro jeito?". Entendi que é muito mais um truque da mente do que a própria realidade.

Ah, recomendo o cd todo do Petit, Berlim, Texas.





domingo, 23 de janeiro de 2011

E se nada mais?

Acredito que todas as coisas que acontecem ficam gravadas no chão onde pisamos. Há fragmentos de tristezas e prazeres bem aqui debaixo dos meus e dos seus, são pequenos pedaços soltos que largamos ao andar por aí cheios de sentimentos aleatórios.
Agora que você está por perto eu posso falar. Que antes eu ficava só imaginando o quanto as pessoas sofrem por amores não correspondidos e pensava: hum, que bobagem, tanta vida por aí e elas se arrastando em uma vida difícil de levar.

 E tudo sempre foi uma bobagem pra mim. Eu via as pessoas se esforçando pra comprar carros e casas e roupas e jóias e I-phones. E aí, e depois? Aliás, a sensação do “e depois” era o que me fazia enrolar o máximo de tempo possível para fazer qualquer coisa. E depois, o que mais teria? E se nada mais?

Eu ouvia músicas ruins e me relacionava com amigos que nem tão próximos eram. Me prendia em afazeres simples pra deixar de pensar que, afinal, podia haver coisas maiores do que a louça na pia e a poeira se acumulando na estante. E haveria?

Pensava em todas as idéias que nunca ia realizar mas que, imaginadas, tinham poder suficiente pra dar mais uma corzinha pras horas até o fim do dia chegar mais uma vez. Fazer o que tinha pra ser feito da maneira mais normal possível com um caminhão de expectativas brigando entre si na cabeça é tão cansativo quanto meditar sem pensar em absolutamente nada. O muito vazio e o muito cheio são igualmente difíceis.