Acredito que todas as coisas que acontecem ficam gravadas no chão onde pisamos. Há fragmentos de tristezas e prazeres bem aqui debaixo dos meus e dos seus, são pequenos pedaços soltos que largamos ao andar por aí cheios de sentimentos aleatórios.
Agora que você está por perto eu posso falar. Que antes eu ficava só imaginando o quanto as pessoas sofrem por amores não correspondidos e pensava: hum, que bobagem, tanta vida por aí e elas se arrastando em uma vida difícil de levar.
E tudo sempre foi uma bobagem pra mim. Eu via as pessoas se esforçando pra comprar carros e casas e roupas e jóias e I-phones. E aí, e depois? Aliás, a sensação do “e depois” era o que me fazia enrolar o máximo de tempo possível para fazer qualquer coisa. E depois, o que mais teria? E se nada mais?
Eu ouvia músicas ruins e me relacionava com amigos que nem tão próximos eram. Me prendia em afazeres simples pra deixar de pensar que, afinal, podia haver coisas maiores do que a louça na pia e a poeira se acumulando na estante. E haveria?
Pensava em todas as idéias que nunca ia realizar mas que, imaginadas, tinham poder suficiente pra dar mais uma corzinha pras horas até o fim do dia chegar mais uma vez. Fazer o que tinha pra ser feito da maneira mais normal possível com um caminhão de expectativas brigando entre si na cabeça é tão cansativo quanto meditar sem pensar em absolutamente nada. O muito vazio e o muito cheio são igualmente difíceis.
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