Há tempos em que os meses são velhos pra mim. Escrevo datas em cadernos: 30/05/2011. Maio de novo? Ele não foi agora a pouco? Abril, junho, são todas datas que já aconteceram. Concordo, você pensa, todos nós já passamos pelos mesmos meses e continuamos passando todos os anos. Mas não é isso. É como se 2011, assim como 2010, já tivesse acontecido inteiro. Com todas as situações embaraçosas que já passei e com todos os dias em que cheguei atrasada ao trabalho. Com todas as jaquetas de frio que já usei e todos os bom dias que distribuí pela cidade.
2011 é um ano que já aconteceu. Talvez a minha vida também já tenha acontecido. A sensação mais presente é de que tudo já foi dito, escrito, filmado. Pode ser, claro, a overdose de informação e tarefas. Tudo já houve e agora é só um remake dirigido por um diretor esloveno com cidadania americana, do tipo alternativo cultuado pelo povo da banda mais bonita da cidade. E aquele arzinho de retrô que dá o charme ao frio de Curitiba. E o chocolate quente que vem com um biscoito amanteigado e você pensa: "uh, uma boa surpresa nesse ano que já aconteceu".
E se o ano já acabou, o mundo também, pois 2012 é um ano com o qual, nos disseram, não devemos ter boas expectativas. Manterei minhas expectativas pulsantes até maio, pelo menos.
Ou não.