Há tempos em que os meses são velhos pra mim. Escrevo datas em cadernos: 30/05/2011. Maio de novo? Ele não foi agora a pouco? Abril, junho, são todas datas que já aconteceram. Concordo, você pensa, todos nós já passamos pelos mesmos meses e continuamos passando todos os anos. Mas não é isso. É como se 2011, assim como 2010, já tivesse acontecido inteiro. Com todas as situações embaraçosas que já passei e com todos os dias em que cheguei atrasada ao trabalho. Com todas as jaquetas de frio que já usei e todos os bom dias que distribuí pela cidade.
2011 é um ano que já aconteceu. Talvez a minha vida também já tenha acontecido. A sensação mais presente é de que tudo já foi dito, escrito, filmado. Pode ser, claro, a overdose de informação e tarefas. Tudo já houve e agora é só um remake dirigido por um diretor esloveno com cidadania americana, do tipo alternativo cultuado pelo povo da banda mais bonita da cidade. E aquele arzinho de retrô que dá o charme ao frio de Curitiba. E o chocolate quente que vem com um biscoito amanteigado e você pensa: "uh, uma boa surpresa nesse ano que já aconteceu".
E se o ano já acabou, o mundo também, pois 2012 é um ano com o qual, nos disseram, não devemos ter boas expectativas. Manterei minhas expectativas pulsantes até maio, pelo menos.
Ou não.
Gi, confesso que poucas vezes li algo tão profundo, tão irreal mas ao mesmo tempo tão verdadeiro, enfim, muito bacana mesmo.
ResponderExcluirEsse sua linha de raciocínio com certeza deixaria mais rico o diário de 'Winston Smith'!
Parabéns!
PS: Esse 'Ou não' eu conheço não sei daonde...
Eu não sei quem é essa pessoa que comentou aqui antes de mim, mas citou 1984, então já é alguém de quem eu gosto! xD
ResponderExcluirBom, a gente acabou de se falar por uma hora no telefone, então eu não teria nada muito original, inesperado ou revolucionário pra escrever aqui... É sempre a mesma cena do roteiro que ficamos tentando repetir, com atores diferentes... Às vezes, roteiros diferentes se interpolam ou se sobrepõem, dando a impressão de que algo novo vai aparecer... Mas sabe que eu acho que, no fundo, no fundo, nós continuamos sempre aquelas crianças que ficam pedindo para que a historinha preferida seja contada de novo, sempre do mesmo jeito, mais uma vez. Quando algum detalhe é acrescentado ou omitido, a gente faz questão de reparar, "não é assim!"... Isso tudo me lembra também de uma frase do Dahmer (da tirinha Malvados), que a vida é um cachorro correndo amarrado em um poste...
Eu também me sinto com 17 anos, com 24 anos, com 60 anos... Quem sabe uma hora dessas a gente não acorda e percebe que tá no meio da aula da Márcia (ia dizer do Bira, mas quem é que dorme na aula do Bira?????) e essa década inteirinha não aconteceu, foi só um daqueles seus sonhos lúcidos.... Lúcidos demais... Eu me sinto cansada de existir.
Ainda bem que a gente vai se rever daqui a pouco. Já estava mais do que na hora!!!!
Confesso que nem eu tenho muita certeza de quem sou eu (esses malditos duplipensamentos andam me matando!)...hehehe
ResponderExcluirMas o que sinto as vezes em relação a passagem do tempo é algo mais ou menos parecido com o que acontece o filme 'Feitiço do Tempo', só que as pessoas que me cercam mudam, porém o contexto é muito parecido. Aquela velha história do 'mais do mesmo'.
E para nós há um agravante, Garota Psykóze. Nunca esqueça que, se os 'Punks Not Dead!', há o risco de ficarmos eternamente nesse loop...