sábado, 4 de junho de 2011

2011: o ano que já acabou

Há tempos em que os meses são velhos pra mim. Escrevo datas em cadernos: 30/05/2011. Maio de novo? Ele não foi agora a pouco? Abril, junho, são todas datas que já aconteceram. Concordo, você pensa, todos nós já passamos pelos mesmos meses e continuamos passando todos os anos. Mas não é isso. É como se 2011, assim como 2010, já tivesse acontecido inteiro. Com todas as situações embaraçosas que já passei e com todos os dias em que cheguei atrasada ao trabalho. Com todas as jaquetas de frio que já usei e todos os bom dias que distribuí pela cidade.

2011 é um ano que já aconteceu. Talvez a minha vida também já tenha acontecido. A sensação mais presente é de que tudo já foi dito, escrito, filmado. Pode ser, claro, a overdose de informação e tarefas. Tudo já houve e agora é só um remake dirigido por um diretor esloveno com cidadania americana, do tipo alternativo cultuado pelo povo da banda mais bonita da cidade. E aquele arzinho de retrô que dá o charme ao frio de Curitiba. E o chocolate quente que vem com um biscoito amanteigado e você pensa: "uh, uma boa surpresa nesse ano que já aconteceu".

E se o ano já acabou, o mundo também, pois 2012 é um ano com o qual, nos disseram, não devemos ter boas expectativas. Manterei minhas expectativas pulsantes até maio, pelo menos.

Ou não.

3 comentários:

  1. Gi, confesso que poucas vezes li algo tão profundo, tão irreal mas ao mesmo tempo tão verdadeiro, enfim, muito bacana mesmo.
    Esse sua linha de raciocínio com certeza deixaria mais rico o diário de 'Winston Smith'!
    Parabéns!

    PS: Esse 'Ou não' eu conheço não sei daonde...

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  2. Eu não sei quem é essa pessoa que comentou aqui antes de mim, mas citou 1984, então já é alguém de quem eu gosto! xD
    Bom, a gente acabou de se falar por uma hora no telefone, então eu não teria nada muito original, inesperado ou revolucionário pra escrever aqui... É sempre a mesma cena do roteiro que ficamos tentando repetir, com atores diferentes... Às vezes, roteiros diferentes se interpolam ou se sobrepõem, dando a impressão de que algo novo vai aparecer... Mas sabe que eu acho que, no fundo, no fundo, nós continuamos sempre aquelas crianças que ficam pedindo para que a historinha preferida seja contada de novo, sempre do mesmo jeito, mais uma vez. Quando algum detalhe é acrescentado ou omitido, a gente faz questão de reparar, "não é assim!"... Isso tudo me lembra também de uma frase do Dahmer (da tirinha Malvados), que a vida é um cachorro correndo amarrado em um poste...
    Eu também me sinto com 17 anos, com 24 anos, com 60 anos... Quem sabe uma hora dessas a gente não acorda e percebe que tá no meio da aula da Márcia (ia dizer do Bira, mas quem é que dorme na aula do Bira?????) e essa década inteirinha não aconteceu, foi só um daqueles seus sonhos lúcidos.... Lúcidos demais... Eu me sinto cansada de existir.
    Ainda bem que a gente vai se rever daqui a pouco. Já estava mais do que na hora!!!!

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  3. Confesso que nem eu tenho muita certeza de quem sou eu (esses malditos duplipensamentos andam me matando!)...hehehe
    Mas o que sinto as vezes em relação a passagem do tempo é algo mais ou menos parecido com o que acontece o filme 'Feitiço do Tempo', só que as pessoas que me cercam mudam, porém o contexto é muito parecido. Aquela velha história do 'mais do mesmo'.
    E para nós há um agravante, Garota Psykóze. Nunca esqueça que, se os 'Punks Not Dead!', há o risco de ficarmos eternamente nesse loop...

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