sábado, 9 de junho de 2012

Na estratosfera e subindo


Imagem tirada desse site aqui: http://migre.me/9qaOx 


Quando foi, quando foi que eu comecei a achar que tinha de ser coerente? Começo, meio e fim, histórias com sentido, falas planejadas e sagazes, almoço na hora do almoço, shampoos para o meu tipo de cabelo?

Eu não sei, mas quando havia meias histórias, meias frases e músicas sem lógica acho que havia mais sentido, por mais estranho que pareça.

Esses dias perguntei a um amigo se ele era gay. E que eu sempre tive essa dúvida. A resposta dele:
- Não, mas não se preocupe, muita gente me pergunta isso.
- O engraçado é que eu só achava isso pelo seus perfis na internet. Pessoalmente não, você é bem... hétero.
- Não se preocupe, a maioria das pessoas me acham gay na internet e também pessoalmente.
- Hum. Tá.
Mudamos de assunto. Segui o conselho e não me preocupei mais.

O fato é que nunca sei o que fazer com meu tempo livre. Isso ficou óbvio nos últimos meses, quando o que mais tive foi tempo, espaço, o mundo todo pra fazer o que eu bem entendesse. Vai ver que eu não bem entendo quase nada.

E os vazios existenciais, já te falei deles? Como boa neurótica - já me disseram pra parar de falar assim, mas me disseram tanta coisa e eu já descartei tantas delas - eu me movo para driblar problemas, matar monstros, defender seres indefesos, lutar contra o que está contra o que é a favor, acordar para derrubar muros, subir montanhas, escalar edifícios e depois fazer rapel. E de repente eu pego minha listinha de necessidades básicas e vejo que fiz um "ok" ao lado de todas elas. São básicas, é verdade, mas de que mais precisamos? De que mais eu preciso?

Tenho que dividir uma alegria pequena que me faz bem: receber ligações de empresas me convidando pra processos seletivos. "Não, obrigada, já estou empregada" é uma das frases que mais gosto de dizer nos últimos tempos. Porque, raios, valorizo muito isso ultimamente. Sim, eu demoro a aprender algumas coisas e outras eu simplesmente absorvo como que por osmose. Essa foi das lições difíceis de aprender.

Os vazios existenciais, temos de voltar a eles, na verdade têm a ver com meu medo de dar certo. Sim, medo de dar certo, já teve isso? Medo de ser feliz, medo de atingir tudo o que se quer. Meu Deus, e se de repente eu estiver sendo feliz? Qual é a penitência que mereço? Ser feliz assim deve ser pecado, não te ensinaram isso? Então chegam os questionamentos que não passam de um monte de absurdos da minha mente tentando me lograr e tirar meus motivos de alegria, dissecando-os um a um até me fazer ver algum problema escondido na sombra. Mas que sombra? É um sol de meio-dia, eu digo, e ela, a mente, só faz "humpf" e busca algo novo pra reclamar.

 Os vazios existenciais não são mais do que medo do desconhecido. O que é superficial eu já conheço. Mas o que há além? O que há?

Várias camadas de céu, uma em cima da outra. Até qual delas você consegue subir?

Um comentário:

  1. Bem, vamos por partes:

    Você, como toda boa pessoa que tem um lado artístico desenvolvido, acaba sendo bastante subjetiva. O 'Sim' e o 'Não' não bastam, tem de haver um porque, ou, pelo menos, um questionamento se o 'Sim' era 'Sim' mesmou ou um 'Não' disfarçado, e vice-versa (ou viceversa, ou vice versa, sei lá...).
    Segundo. Devido a esta sua aptidão, que necessita de uma boa dose de sensibilidade, você acaba querendo que as coisas sejam 'perfeitas'. As pessoas são ou boas ou más, as situações são excelentes ou difíceis, etc, etc. Infelizmente, há os tons de cinza, que é a cor mais comum por aí...
    Opções que este pseudo-analista sugere para você:
    Ou você para de ser como é e finge que tudo esta azul, que o mundo é um lugar legal, que as pessoas são boas, que os políticos são honestos e tem uma felicidade ao estio do 'Admirável Mundo Novo' do Aldous Huxley, ou continua sendo a Gi e acaba sendo tão feliz quanto o possível no exemplo anterior, mas de uma forma diferente, arrumando lar para cahorros perdidos, cuidando de gatos 'piratas', sempre tendo palavras bacanas para os amigos e escrevendo textos excelentes como este.
    'Cê' que sabe...

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