Um dia aconteceu. Eu fiquei séria demais, preocupada demais, adulta demais. Quando era criança, não me lembro de ter pensado que seria uma pessoa tensa. Achava que aos 25 seria bem resolvida e feliz e teria uma vida nos eixos e um bom emprego e uma casa.
Aí eu viro uma pessoa tensa. Ei, olha lá, aquela não é a Gislaine? Imagina, a Gislaine que conheci tinha tempo para um sorriso e um café e uma palavra com estranhos. Essa aí nem olha para os lados e evita pessoas que não conhece.
(Acho tanta coisa sobre tudo e no final vejo que só posso ter razão sobre mim. E às vezes nem isso.)
Talvez tudo o que eu pense sobre o mundo esteja levemente equivocado. Pode ser que o ângulo pelo qual vejo as coisas esteja 134 graus para o lado errado.
sábado, 31 de maio de 2014
terça-feira, 20 de maio de 2014
A paz
Tenho quase 30 anos e já não corro mais, dentro da minha mente, como corria há seis meses ou dois anos. Corro para trabalhar e dar conta de atividades diferentes, mas parece que dá tempo de pensar se é isso mesmo que eu quero fazer ou devo. Como se tivesse conquistado um espaço só meu em que paro, sento, olho pra paisagem, de cima, e fumo um cigarro com tranquilidade. Isso no meio de tudo o mais que acontece diariamente.
Tenho um espaço em que nada acontece, que não é abalado pelas mais fortes tempestades. É um centro que permanece calmo. Em alguns dias ele se espalha e eu consigo ficar mais tranquila, olhando os acontecimentos apenas como um ruído em volta dessa área calma.
Sempre quis ter um espaço - físico mesmo, em que pudesse olhar o mundo lá de longe. Quando eu morava em um prédio alto, lá em Ponta Grossa, era o que mais gostava de fazer sozinha. Olhar as pessoas lá embaixo, a nuvem mais em cima, os prédios e as luzes e todo o movimento, de longe. Sinto falta disso, hoje. Mas posso aproveitar o centro calmo da minha mente, ao menos.
Conquistei muita coisa. A paz é a mais importante delas. Claro que volta e meia me escapa. É igual bicho arisco, que não dá para prender ou se aproximar com intenção de controlar. É igual sonho lúcido. Quando se dá conta de que ele está ali e, uau, percebe que é hora de aproveitar, ele acaba.
Queria que ela ficasse pra sempre.
Tenho um espaço em que nada acontece, que não é abalado pelas mais fortes tempestades. É um centro que permanece calmo. Em alguns dias ele se espalha e eu consigo ficar mais tranquila, olhando os acontecimentos apenas como um ruído em volta dessa área calma.
Sempre quis ter um espaço - físico mesmo, em que pudesse olhar o mundo lá de longe. Quando eu morava em um prédio alto, lá em Ponta Grossa, era o que mais gostava de fazer sozinha. Olhar as pessoas lá embaixo, a nuvem mais em cima, os prédios e as luzes e todo o movimento, de longe. Sinto falta disso, hoje. Mas posso aproveitar o centro calmo da minha mente, ao menos.
Conquistei muita coisa. A paz é a mais importante delas. Claro que volta e meia me escapa. É igual bicho arisco, que não dá para prender ou se aproximar com intenção de controlar. É igual sonho lúcido. Quando se dá conta de que ele está ali e, uau, percebe que é hora de aproveitar, ele acaba.
Queria que ela ficasse pra sempre.
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