segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Nunca vou ser

Cena de "O show de Truman", quando ele descobre que "o céu é o limite"


Eu tenho 27 anos e provavelmente a minha vida vai ser isso mesmo. Não vou ser uma grande jornalista ou escritora ou veterinária. Não vou oferecer uma grande contribuição para a humanidade ou uma história comovente que vá servir para algum livro ou mesmo um conto da Reader´s Digest. Não vou chegar à presidência ou diretoria ou gerência de qualquer empresa ou empreendimento. Não vou ganhar na loteria. Não vou aproveitar a vida loucamente, saindo por aí pra viagens ou aventuras que valham a pena e que vão mudar meu mundo. Não vou cantar, dançar, pintar, recitar ou qualquer outro verbo de forma a ser alguém diferente de tantos outros alguéns que andam por aí.

É bem possível que eu vá trabalhar em uma empresa, depois em outra e, se gostarem de mim, posso até permanecer por um bom tempo. Então vou mudar uma ou duas vezes de cargo, com sorte receber algumas promoções, com azar topar com gente que tem um santo que não bate com o meu (a-ah). Vou engolir muitos sapos e ter algumas recompensas morais fazendo um bom trabalho que, possivelmente, não vai passar disso: um bom trabalho.

Terei uma família, sim, com gatos e cachorros, talvez um marido, quem sabe um filho que aos sete anos vai me dizer que será um astronauta quando crescer. E eu vou alimentar esse sonho e dizer: ei, filho, você pode ser o que quiser nessa vida, tudo depende somente de você e do tamanho dos seus sonhos.

E eu vou saber que é mentira. Mas ele, bem, talvez só descubra mais tarde. Com sorte, só aos 27 anos.


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