terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A alegria do fim



E o que seria de nós se nada terminasse, sem recomeços? Uma vida sem morte ou adeus, um pacote de bolacha infinito, uma fonte de Coca-Cola eterna?

Sou fã de recomeços. Sou contra ciclos que se fecham porque todos dizem que têm de ser fechados. Final de ano não é mais do que uma coleção de datas no calendário social que nos obriga a agir como Polianas que gostam de abraçar a família e ver a programação especial da TV aberta.

Minhas fases e ciclos se fecham, meu bem, de modo totalmente aleatório. Claro que a gente fica tentado a encerrar algumas coisas em dezembro, inciar outras em janeiro e prometer que a vida vai mudar, ora se vai!

Aí criamos mil motivos pra começar novos ritos, novos hábitos, cultivar novas flores no quintal. Que geralmente não florescem muito mais depois, igual orquídeas. Uma vez só e lá está o vaso com um galhinho estéril. Mas a gente fica, eu sei, tentado a escrever retrospectivas, agradecimentos, análises que no fim das contas não servem pra nada.

Porque está tudo começando e terminando o tempo todo no meu universo paralelo. Como um buraco negro que sai dentro de outro, últimas páginas que viram as primeiras da próxima história.

Mas eu me esforço pra criar minhas listinhas de:
1) Metas para o novo ano! 

2) Coisas que não vou mais fazer

3) Pessoas, histórias, casos e músicas ruins que devo arquivar, simplesmente, lá no fundo dos gaveteiros cinzas que um dia hei de tacar fogo

4) Vontades de realizar as coisas mais diversas 

Pra depois rasgar e começar de novo. E de novo. Ao infinito. E aí que está a graça da grande piada que é a vida: um caderninho em que se escreve e depois apaga, depois passa caneta colorida por cima e depois errorex e aí vem a professora e fala: que feio, isso não é um caderno de menina.

Eu sei.


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